segunda-feira, 21 de junho de 2010

O xarém.



Com a minha estadia em Lisboa,para a revisão,e o St António e as marchas de Quarteira,os dias foram passando e o blog ficou para trás.

No entanto o que é prometido é devido,e aqui estou eu para vos falar da epopeia dos bagos de milho até chegar ao saboroso xarém. Isto tudo como se processava no meu tempo de menina..
A terra era lavrada,gradeada e depois armavam-se os canteiros para a cultura do milho. Como tinha que ser regado a armação das leiras tinha o seu preceito. Abria-se uma regueira ao meio e dum lado eoutro faziam-se  as leiras ou eiras onde com um sacho se abriam os golpes(buracos) e deitavam-se 3 ou4 bagos de milho dentro que depois eram tapados com o mesmo sacho. Depois de regados os pés de milho nasciam naturalmente.
Depois vinha a  monda a sacha, até criar a massaroca,que era  o que se pretendia..Entretando ainda havia o corte das folhas e  da bandeira que era para as massarocas se fazerem maiores.Todas as folhas eram atadas em molhos e serviam para o gado comer no inverno.Depois de maduras as massarocas eram apanhadas e amontuadas ,num terreiro ou eira onde se procedia ás famosas desfolhadas. Geralmente eram feitas nas noites de verão e todos os familiares ,vizinhos e amigos se juntavam na noite combinada por cada proprietário do milho.
Então era assim: Sentados á volta do monte de milho,cada um pegava numa massaroca e com um pauzinho redondo e bicudo descamisava a espiga de milho.Isto durante horas!........Quando alguém tinha a sorte de encontrar uma espiga de milho vermelha era o delírio,corriam a roda toda a beijar as raparigas casadoiras e se era rapaz então,devem imaginar o reboliço.....
Todas as pessoas se ajudavam  nestas lides do campo. Para a festa ser completa os donos da casa,tinham sempre merendas para oferecer durante o tempo que durava a escarapela ou desfolhada.
Era uma vida sã e havia tempo para tudo embora o trabalho fosse muito e pesado. Os meus familiares tinham sempre pessoal a trabalhar á jorna ou seja ao dia,mais ou menos conforme as necessidades.
No entanto o meu avõ ,que era um querido,gostava de passar as tardes de calor a esbagulhar o milho, encarrapitado em cima do monte de massarocas, que entretanto tinham sido trazidas para um armazém. Lembro-me ,como se fosse hoje. sentava-se no alto de  pernas abertas e com uma laje entre elas ia de uma a uma tirando os bagos de milho com uma foice velha. Tique tique e o milho ia saindo do sabugo. Trabalho muito lento e demorado;quando anos mais tarde apareceu uma máquina para esse serviço foi uma alegria.
Era ver o milho caía por um lado e o sabugo por outro. Omesmo aconteceu com as debulhadoras que em pouco tempo separavam trigo da palha.,
Voltemos ao milho. Depois de ensacado e guardado em casa servia para alimento das galinhas ,dos porcos e também dos donos do mesmo. Quando se ia ao moinho levar o trigo também se levava milho para moer e da sua farinha se fazerem as boas broas e o famoso xaré ,hoje tão na moda.
Tempos houve em que os carapaus alimados e as papas de milho eram a alimentação dos pobres. HOJE são pratos famosos e muito apreciados por gente de BEM...
É VERDade ,já agora também lhes digo que a melhor maneira de se fazerem as papas é com conquilhas e quadradinhos de toucinho frito. HOJE é prato muito apreciado or muita gente BEM!!!!!!!!!!!!!!!
beijos e até breve.

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